No mundo da Fórmula 1, há uma corrida que se destaca como um desafio único e inesquecível para pilotos e fãs: o Grande Prêmio de Mônaco. 

A corrida em Mônaco é conhecida por suas condições desafiadoras, com pouco espaço para erros e ultrapassagens extremamente difíceis. E foi exatamente nesse contexto que Ayrton Senna demonstrou seu brilhantismo e habilidades excepcionais. 

Suas ruas estreitas e sinuosas, o glamour ao redor e a história lendária fazem deste circuito um dos mais emblemáticos e desejados para os competidores. E foi nesse cenário deslumbrante que Ayrton Senna escreveu um capítulo brilhante de sua carreira ao conquistar sua primeira vitória em Mônaco, em uma corrida que ficou marcada para sempre na memória dos fãs da Fórmula 1.

Para relembrar um pouco da lendária trajetória e das participações icônicas de Ayrton Senna nas pistas de Mônaco, continue a leitura!

O verdadeiro matrimônio: Mônaco e Senna

À princípio, Mônaco teve um “matrimônio” com Graham Hill, vencedor por cinco vezes do icônico GP. O britânico até recebeu a alcunha de Mr. Mônaco. Mas, findo o relacionamento entre Mônaco e Hill, a pista de rua mais nobre do mundo encontrou seu verdadeiro amor em um brasileiro: Ayrton Senna.

Senna e Mônaco formam a mais emblemática combinação de piloto e pista que a F1 já viu. Na pista mais famosa e mais traiçoeira da categoria, Ayrton Senna escreveu uma história inesquecível, vencendo seis das 10 corridas em que participou, e gravou seu nome na história do esporte.

1984: O começo de uma lenda em Mônaco

Em seu ano de estreia e correndo pela pequena Toleman, Senna se apresentou ao mundo em Mônaco. Depois de se classificar apenas em 13º, ele contou com um temporal no domingo para mostrar seu enorme talento na chuva. Foi escalando o pelotão, superando carros como Ferrari, Williams e Lotus até chegar às poderosas McLaren-TAG.

Senna deixou Niki Lauda para trás e alcançou o líder Alain Prost. No momento em que passou o francês, a prova foi encerrada pelo então diretor Jacky Ickx devido às más condições da pista. A vitória ficou com Prost, mas Senna foi o grande protagonista do dia, se colocando como um dos nomes fortes da categoria.

1985: A primeira pole em Mônaco

Já pela Lotus, com um carro mais competitivo, Senna dominou os treinos de Mônaco e marcou sua terceira pole em quatro corridas da temporada.

Ele se manteve em 1º na largada, segurou pressão de Michele Alboreto (Ferrari) nas voltas iniciais e conseguiu abrir alguma folga na liderança. Mas, na volta 13, o motor Renault apresentou problemas no turbo e ele precisou abandonar, acabando com a esperança de uma primeira vitória em Mônaco.

1986: O segundo pódio

Senna marcou o 3º tempo na classificação. Na largada, superou o Williams de Nigel Mansell e perseguiu Alain Prost, da McLaren, na primeira parte da prova. Com degradação alta dos pneus, perdeu ritmo e acabou voltando dos boxes em 3º, atrás também da outra McLaren, de Keke Rosberg.

No fim, terminou na mesma posição em que havia largado e garantiu seu segundo pódio na pista de Mônaco.

1987: A primeira magnífica vitória

O ano era 1987 e Senna, que pilotava pela equipe Lotus-Honda, já havia demonstrado seu talento e velocidade desde sua estreia na categoria, em 1984. Mas, apesar de seu desempenho promissor, uma vitória em Mônaco ainda escapava de suas mãos. 

No dia da corrida, o clima era chuvoso, o que tornou as condições ainda mais complicadas. O circuito estava escorregadio e exigia o máximo de concentração e precisão dos pilotos. Senna, sempre confiante e determinado, manteve a calma mesmo diante do desafio. Quando a bandeira verde foi agitada, ele fez uma largada impecável, mantendo a liderança e deixando seus concorrentes para trás.

A corrida de Senna em Mônaco foi um verdadeiro espetáculo. Ele navegava pelas curvas apertadas com maestria, mostrando um controle absoluto do carro. A cada volta, sua vantagem aumentava, deixando seus rivais em desvantagem. Mesmo com a pressão constante de Nigel Mansell, que acabou abandonando a corrida por problemas de motor na volta 30, Senna não vacilou em nenhum momento e mostrou uma determinação implacável para manter sua posição.

Com a liderança no colo, Senna apertou o ritmo para abrir ampla vantagem e só controlou nas voltas finais para vencer sua primeira no Principado. Piquet foi 2º, 33 segundos atrás, na única dobradinha brasileira por lá. Na celebração do pódio, Senna quebrou o protocolo e deu um banho de champanhe na Família Real de Mônaco.

O momento em que Senna subiu no pódio para receber a bandeira quadriculada foi marcante. Sua expressão de alegria e satisfação refletia o significado especial dessa conquista. Ele havia superado todos os desafios que Mônaco havia lhe imposto nos anos anteriores e, finalmente, alcançado a glória máxima naquele circuito lendário.

A primeira vitória de Senna em Mônaco não foi apenas um marco em sua carreira, mas também um exemplo de dedicação, talento e superação. Foi a prova de que sua habilidade e coragem poderiam vencer as adversidades mais difíceis. A partir daquele momento, Senna estabeleceu-se como uma lenda viva da Fórmula 1 e deixou uma marca indelével na história do automobilismo.

Até hoje, a vitória de Ayrton Senna em Mônaco em 1987 é relembrada como uma das performances mais brilhantes e memoráveis da Fórmula 1. Ela simboliza não apenas uma conquista pessoal, mas também a determinação de um piloto que transcende as limitações e elevou seu esporte a um nível ainda mais alto. Uma vitória que nunca será esquecida.

1988: O erro histórico

Já na McLaren, Senna teve neste fim de semana uma das atuações mais dominantes de sua carreira. Cravou a pole position com a impressionante margem de 1s427 sobre Prost, o 2º, seu colega de equipe.

Na corrida, abriu vantagem consistentemente a ponto de ter quase 1 minuto de vantagem sobre Prost. Ron Dennis, chefe da McLaren, preocupado que Senna pudesse estar exagerando e correndo riscos desnecessários, pediu para que ele diminuísse o ritmo. Pouco depois, na volta 65 de 78, Senna bateu sozinho na entrada do túnel e jogou fora aquela que poderia ser uma das vitórias mais marcantes de sua carreira.

Irritado, ele foi embora andando direto para seu apartamento, aparecendo nos boxes apenas mais tarde.

1989: A redenção

No segundo ano em que tinha Prost como companheiro, Senna, mais uma vez, dominou em Mônaco. A pole veio por grande margem novamente: 1s148.

Senna largou bem e se manteve à frente do francês. Como no ano anterior, foi abrindo vantagem e se consolidando na liderança. Prost ainda perdeu muito tempo preso no tráfego, o que deu ao brasileiro uma folga de mais de um minuto.

Na parte final da corrida, o MP5/5 de Senna perdeu a 1ª e 2ª marchas, e o brasileiro diminuiu o ritmo. Mesmo assim, venceu com 52s de vantagem sobre Prost. Sua segunda vitória em Mônaco.

1990: Vitória com tensão no final

Outra pole à frente de Prost, que já estava na Ferrari à época. Na corrida, a liderança já folgada fica ainda mais confortável após uma quebra de Prost.

Tudo levava a crer que seria uma vitória sem sustos, mas o McLaren MP4/5B começou a perder potência nas voltas finais. A vantagem de 17 segundos sobre Alesi caiu para menos de 2 segundos em 5 voltas. Mesmo assim, Senna conseguiu segurar a liderança e vencer. Três vitórias em Mônaco.

1991: Mais uma para a conta

Senna marcou sua quinta pole position em oito participações no GP de Mônaco até então. E não perdeu a liderança em momento algum. Enquanto seus perseguidores iam sucumbindo um a um (Stefano Modena e Riccardo Patrese), o brasileiro ia construindo uma vantagem confortável.

Assim como em anos anteriores, seu carro apresentou problemas na parte final da prova (pressão de combustível), forçando Senna a diminuir o ritmo para evitar uma quebra. Mesmo assim, a quarta vitória em Mônaco veio com 18 segundos de folga sobre Mansell.

1992: Direção defensiva

Pela primeira vez desde quando havia se juntado à McLaren, Senna não largou da pole em Mônaco. A Williams, com um carro avassalador, dominou a primeira fila. Senna passou a Patrese, mas não conseguia acompanhar o ritmo de Mansell, que chegou a abrir mais de 30 segundos.

A oito voltas do fim, o inglês percebe um problema em seu carro e decide trocar os pneus, deixando a liderança com Senna. Mansell, com o carro muito mais rápido, parte para o ataque. Senna, no entanto, dá uma verdadeira aula de defesa de posição e consegue se manter à frente com pneus gastos, garantindo sua quinta vitória em Mônaco e igualando Graham Hill.

1993: Uma pitada de sorte

Para vencer na Fórmula 1, não basta talento e um bom carro. Às vezes, a sorte precisa estar ao lado. Foi o que aconteceu em 1993. Assim como no ano anterior, Senna largou em 3º. Os dois primeiros eram “só” Prost (Williams) e Michael Schumacher (Benetton).

As posições se mantiveram nas primeiras voltas. Mas Prost havia queimado largada, foi punido com um stop-and-go e viu seu carro apagar durante a penalização, perdendo uma volta. Schumacher assumiu a ponta e liderava com folga até seu carro ficar pelo caminho com problemas hidráulicos.

Senna, assim, recebeu a vitória de presente, nessa que viria a ser sua última participação no GP de Mônaco. Com o triunfo, ele chegou ao recorde de seis vitórias na icônica pista de rua, marca até hoje não igualada por nenhum outro piloto.