Hoje vamos continuar contando a história de uma das maiores estrelas da Fórmula 1: Nelson Piquet

Na primeira parte da história, falamos principalmente sobre o início da carreira de Piquet na Fórmula 1 e seus primeiros desafios e vitórias, conquistando o primeiro título mundial na categoria no GP do Oeste dos Estados Unidos em 1980.

Na segunda parte da história, demos continuidade à saga, rumo ao bicampeonato no GP da África em 1983.

E hoje daremos continuidade no restante de seu legado no automobilismo, com as principais realizações que você não pode deixar de conhecer. Então prepare-se, porque tem muita história, desafios e muita pista ainda pela frente… 🏁

A temporada de 1985 e últimos momentos na Brabham…

Em 1985, a chance de brigar na frente foi impedida quando Bernie Ecclestone assinou um contrato de fornecimento dos pneus Pirelli. O desenvolvimento dos pneus italianos era um desafio de proporções gigantescas. Nenhum resultado poderia ser cobrado antes de dois ou três anos. 

Piquet consegue uma vitória no ano, sendo o único piloto brasileiro a vencer em Paul Ricard, na França, em 1985. Sob um calor infernal, o brasileiro faz uma corrida bem planejada. Ultrapassa Ayrton Senna da Lotus e Keke Rosberg da Williams. Vai abrindo e fazendo um ritmo de corrida muito bom. 

As equipes de ponta com a borracha americana da Goodyear não conseguem acompanhar o ritmo imposto pelo piloto brasileiro, porque o Brabham número 7 não dá nenhuma demonstração que fará a troca, e Piquet vence com relativa facilidade:

https://www.youtube.com/watch?v=WH6DzoKZP_Y

Foi a última vitória da equipe na categoria. Depois dessa vitória, volta a realidade. O piloto chega a conquistar a última pole da equipe em Zandvoort, na Holanda.

Na semana do Grande Prêmio da Itália, Piquet fecha contrato com a Williams na próxima temporada para ocupar a vaga deixada por Keke Rosberg.

Nessa corrida, em 8 de setembro de 1985, Alain Prost arrancou para seu primeiro título mundial na Fórmula 1 com uma vitória no GP da Itália, em Monza. O dia foi histórico para o automobilismo brasileiro, que teve Nelson Piquet e Ayrton Senna juntos no pódio pela primeira vez, que terminou em segundo e terceiro lugar, respectivamente.

O segundo lugar de Piquet em Monza marcou o último dos 29 pódios de Nelson Piquet pela equipe Brabham. Quarto no grid, o brasileiro caiu para sétimo na largada, fez um pit stop prematuro na volta 12, mas, com uma recuperação sensacional, subiu de 11º para segundo no fim da prova.

Na Bélgica em Spa-Francorchamps, com a pista molhada, após a largada, Piquet escorrega na primeira curva La Source perdendo várias posições; ele fez uma enorme corrida de recuperação e terminou-a em 5º. Nas últimas três provas do campeonato, ele nem terminou. No último ano na Brabham, Piquet fecha em 8º lugar com 21 pontos.

Uma cena histórica: Piquet, Senna e a Bandeira do Brasil 

No dia 23 de março de 1986, Nelson Piquet e Ayrton Senna protagonizaram a primeira dobradinha entre eles na Fórmula 1, com o então piloto da Williams em 1º e o da Lotus em 2º. O palco? O GP do Brasil, para delírio da torcida que lotou as arquibancadas do saudoso e infelizmente já extinto Autódromo de Jacarepaguá, hoje local do Parque Olímpico do Rio 2016.

Na época, a corrida no Brasil marcava, tradicionalmente, a abertura da temporada da F1. E em 1986, a Williams, favorita ao título, estreava o então bicampeão Nelson Piquet para fazer companhia ao veloz, mas irregular Nigel Mansell. Sua principal rival da escuderia seria a McLaren, campeã do ano anterior com Alain Prost (e bicampeão no fim daquele ano), que contava também com Keke Rosberg. Já a Lotus corria por fora, sofrendo com o beberrão motor Renault, apostando suas fichas no jovem promissor Ayrton Senna.

No treino classificatório, Senna, que já aparecia como um especialista em voltas lançadas, aproveitou o forte pacote da Lotus e o motor Renault de mais de 1.000 cv para as classificações e abriu o ano com a pole position. 

Atrás dele vieram as Williams de Piquet e Mansell. Na prova, porém, a maior experiência de Piquet e o melhor ritmo de corrida da Williams com relação à Lotus prevaleceram. Logo na largada, Mansell se precipitou ao tentar ultrapassar Senna, rodou e abandonou. Nelson, por sua vez, teve paciência e, três voltas depois, deixou o compatriota para trás para assumir a liderança. Depois disso, só saiu da ponta provisoriamente nas paradas nos boxes. Ao fim, cruzou a linha de chegada com 34s de vantagem sobre Senna. Jacques Laffite, da Ligier, completou o pódio.

Assista abaixo à íntegra do emocionante pódio do GP do Brasil de 1986:

Os anos de Brabham, segundo Piquet

“Foi fantástico, estivemos juntos por sete anos e conquistamos dois campeonatos juntos. Era uma grande atmosfera familiar. Aprender e trabalhar com uma equipe foi a coisa mais importante”, relembra o brasileiro. 

Em 1984, Piquet conquistou nove pole positions – igualando o recorde da F1 na época -, mas apenas duas vitórias, já que falhas no turbocompressor lhe custaram caro e o restringiram à quinta posição no campeonato.

Quando a Michelin saiu da F1 no fim da temporada, a decisão de Ecclestone de mudar para a Pirelli em vez dos superiores pneus da Goodyears seria um fator limitante para 1985, com Piquet conquistando uma vitória. Assim, quando Frank Williams lhe ofereceu um salário muito superior para se juntar a uma equipe da Williams-Honda claramente em ascensão, Nelson aproveitou a chance.

Uma nova fase e o início da parceria com a Williams

No campeonato de 1986, Piquet foi para a equipe de seus dois vice-campeões, a Williams, para desenvolver, junto com seu companheiro de equipe, o inglês Nigel Mansell, o projeto dos motores turbo da Honda, apesar dos motores já equiparem a equipe desde 1984.

No primeiro ano, o carro mostrou-se competitivo, porém uma sucessão de resultados desfavoráveis e estratégias mal calculadas como na última prova da temporada (GP da Austrália), onde devido a uma cartada da Pirelli, que equipava a Benneton, e ganhara a corrida anterior, do México, sem trocar os pneus. Forçou a concorrente, Goodyear, usar um composto na Austrália, que fizesse o mesmo. Que não aconteceu, pois os pneus de Mansell, que tinha aquela altura da prova, o campeonato na mão, estourarem no retão de Adelaide, assim como os de Rosberg (Mclaren) que era o líder, estouraram também uma volta antes. Forçou, portanto, a Piquet que era líder naquele momento da prova, parar e trocar os pneus. 

E dessa forma, perder a vitória e o campeonato para Prost (McLaren), que havia trocado os seus pneus antes, devido a um furo. Parte do fracasso se deveu a um grave acidente sofrido pelo dono da equipe, Frank Williams, que o deixou afastado do comando da equipe por vários meses, e fadado a uma cadeira de rodas pelo resto da vida. 

Frank foi o responsável pela contratação de Piquet, enquanto o seu sócio e engenheiro-chefe da equipe, Patrick Head cumpria risca o contrato de Piquet na qual exigia a preferência no carro reserva, mas dava igual tratamento a Nigel Mansell dentro da equipe. Frank Williams chegou a declarar na época: 

“Se Mansell é mais rápido é impossível mandá-lo abrandar para deixar passar Piquet. Não funcionou quando Jones e Reutemann foram designados como primeiro e segundo pilotos em 1981. Por que razão deveria funcionar agora? Desde o momento que asseguremos que Nelson faça todos os testes com os carros e tenha prioridade de uso e escolha do carro reserva, ele não pode reclamar.” (Anuário F1 1987 Francisco Santos pg 47).

No Grande Prêmio da Alemanha de 1986 em Hockenheim que Piquet usou a malandragem; na 15ª volta, Nigel Mansell com o carro instável errou uma freada e saiu da pista, prejudicando o rendimento dos seus pneus. 

O piloto avisa pelo rádio à sua equipe para colocar pneus novos nos boxes. A equipe rapidamente se prepara para recebê-lo, mas quem aparece no pit foi o Williams número 6 do piloto brasileiro. Piquet, brilhante, havia antecipado sua parada para trocá-los. Dentro do pit, pelo rádio, Patrick Head comunica ao piloto inglês para não entrar nesta volta, forçando-o a completar mais uma com os pneus bem gastos, já que a equipe estava comprometida com a execução do carro do seu companheiro de equipe.

Na primeira edição do Grande Prêmio da Hungria, Piquet realizou sobre Ayrton Senna, a ultrapassagem que muitos consideram como a mais bela de todos os tempos na Fórmula 1 – no fim da reta dos boxes, pelo lado de fora de uma curva de 180 graus, escorregando nas quatro rodas. O tricampeão Jackie Stewart, comentando a cena, disse que era “como fazer um looping com um Boeing 747” – Reveja só a cena:

A temporada de 1987 e a transição para Lotus

Em 1987, as Williams dominaram a temporada. Piquet sofreu um grave acidente logo no início do ano, nos treinos para o Grande Prêmio de San Marino, no circuito de Ímola, na mesma curva “Tamburello” que se tornaria famosa pela morte de Ayrton Senna. 

“Depois desse acidente, minha visão nunca mais foi a mesma, e eu perdi uma parte da noção de profundidade”, declarou Piquet anos depois. Mesmo assim, Piquet e Mansell disputaram o título corrida a corrida – e Piquet, para driblar evitar que o acerto do seu carro fosse passado ao inglês, lançou mão de suas conhecidas artimanhas, como testar com uma configuração ruim do carro, que muitas vezes seria copiada pelos mecânicos de Mansell, e alterá-la completamente minutos antes do treino ou da corrida.

https://www.youtube.com/watch?v=pLyAKkeA25Q&t=12s

Cansado dos desentendimentos com seu companheiro Mansell, na semana do Grande Prêmio da Hungria, Piquet é anunciado como piloto da equipe Lotus para o campeonato seguinte. 

Ele ficou contente com a transição: “deram-me garantias de que eu teria todo o apoio para ser o primeiro piloto. Era uma oferta que eu não podia recusar. Além do mais, estive observando a Lotus nesta temporada e aproveitei a chance de me integrar a uma equipe tão competitiva.”

Os GPs da Itália, Espanha e México

Nos treinos para o Grande Prêmio da Itália, em Monza, o piloto brasileiro estreia a suspensão ativa. Consegue a pole, e também vence. Na prova seguinte, o novo componente é colocado no carro do piloto inglês, mas ele não consegue um acerto adequado.

Para não favorecer apenas um lado, a equipe Williams resolve retirar a suspensão dos dois carros. A alegação é que o novo componente não estava totalmente pronto para enfrentar uma corrida e que seria muito arriscada colocar uma nova tecnologia sem ainda ter uma certeza plena de que ela seria melhor e mais resistente que a suspensão tradicional. 

A verdade é que Mansell não entendia o funcionamento correto dela, diferente do Piquet que tirava máximo proveito. Resultado: na reta final, os dois carros voltam para a suspensão convencional em condições iguais.

Com a vitória, Piquet deixou Monza mais líder do que nunca com 63 pontos contra 49 de Senna e 43 de Mansell. Uma vantagem importantíssima a cinco provas do fim do campeonato.

Nos GPs da Espanha e México, Mansell vence, com Piquet em 4º e 2º lugar respectivamente. 

A conquista do tricampeonato na F1 de Nelson Piquet: GP do Japão em 1987

O brasileiro vai para o Japão com 12 pontos de vantagem. Nos treinos oficiais de sexta-feira no circuito de Suzuka, na ânsia de superar o tempo do seu companheiro de equipe, Mansell sofre um forte acidente, embora não o tenha causado ferimentos sérios, deixou-o sem condições para disputar a prova, e Piquet consagrou-se o tricampeão mundial por antecipação.

Reveja os melhores momentos deste marco histórico:

🔴 Fique ligado no lançamento oficial das réplicas dos capacetes do Tricampeão Nelson Piquet!

🏁 Foi dada a largada: Estão disponíveis para compra as réplicas dos capacetes do Tricampeão de Fórmula 1, o nosso grande ídolo brasileiro, Nelson Piquet!

Serão disponibilizadas as 3 versões dos capacetes mais importantes de toda a carreira de Piquet na F1, representando as suas maiores conquistas na categoria: A Primeira Vitória em 1981, o Bicampeonato em 1983 e o Tricampeonato em 1987! 🏆

Garanta já a sua réplica oficial, pois são apenas 33 peças de cada ano! Todas são assinadas por Nelson Piquet, acompanhando o Certificado de Autenticidade, o qual comprova que a pintura da réplica segue o mesmo padrão artístico e artesanal dos capacetes produzidos para o piloto Nelson Piquet em toda sua trajetória no automobilismo.

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A relação com a Williams, segundo Nelson Piquet

Em 1986, terminou em terceiro, atrás de Alain Prost e do companheiro Nigel Mansell, mas em 1987 o brasileiro venceria os dois para conquistar seu terceiro campeonato. Mesmo com um acidente horrível em treino em Ímola, que o levou a perder aquela corrida.

Piquet afirma que seu último título foi o mais difícil: 

“Tive que lutar com tudo, contra outros pilotos e dentro da minha própria equipe – estar em um time inglês com um colega inglês e vencer o campeonato não foi fácil. Eu tive que tentar criar uma divisão na equipe, para sobreviver e tentar ganhar o campeonato. Foi um ano muito difícil, pode acreditar nisso”.

A atmosfera na Williams pesou: Piquet optou por sair no final do ano para a Lotus, onde obteve o status de número um ao lado do companheiro Satoru Nakajima. Na nova equipe, também teria os motores Honda.

As últimas temporadas e conquistas da carreira de Nelson Piquet

Piquet foi para a Lotus em 1988, levando consigo a Honda e deixando a Williams com o jabiracossauro motor Judd (também conhecido como “Judas”, todo mundo adorava malhar).

Diferença na ética de trabalho entre Piquet e Mansell: Piquet, garagista, graxeiro, trabalhador, contra um Mansell talentoso porém dado a partidas de golfe em dias de teste.

Depois de um período frustrante de dois anos na Lotus, com a equipe sendo atropelada pela McLaren usando o mesmo motor em 1988 e depois perdendo o contrato e sendo forçada a usar motores Judd em 89, Piquet foi para a Benetton encerrar a carreira.

Ao vencer as duas últimas corridas de 1990, Piquet saltou para o terceiro lugar na classificação dos pilotos daquela temporada e, no ano seguinte, conseguiu sua vitória final no Canadá, às custas do grande rival Nigel Mansell.

Piquet, Senna e Mansell no pódio do GP do Canadá de 1990

Aposentadoria e Indy 500 em 1992

Ao fim do campeonato de 1991, Piquet deixou a F1 com 23 vitórias. Ele se aposentou para se concentrar em seus interesses empresariais, sendo especialmente bem-sucedido com um produto de sistema de rastreamento de GPS para veículos.

Ele também tentou a glória nas 500 Milhas de Indianápolis de 1992, mas acabou sofrendo ferimentos graves nas pernas em um terrível acidente de treino – antes de se recuperar e voltar a competir em 1993.

Nelson Piquet na Indy 500 em 1992

Piquet e as 24 Horas de Le Mans

Piquet disputou duas vezes as 24 Horas de Le Mans, terminando em oitavo com a McLaren ao lado de Johnny Cecotto e Danny Sullivan em 1996, mas falhando em terminar um ano depois, quando juntou-se a JJ Lehto e Steve Soper em um carro BMW Motorsport.

Sua última corrida foi nas Mil Milhas Brasileiras de 2006, em Interlagos, onde compartilhou a vitória no Aston Martin DBR9 com o filho Nelsinho, Hélio Castroneves e Christophe Bouchut. Hoje, Piquet brinca: “Quando parei de correr, vi como minhas férias eram boas!”

E é com esta foto icônica que fechamos com chave de ouro mais uma grande saga das estrelas do automobilismo brasileiro! 🏆🏁

Resumo dos registros de Nelson Piquet na F1

  • Nacionalidade Brasileira
  • Anos 1978 – 1991
  • Time(s) Ensign, McLaren, Brabham, Williams, Lotus e Benetton
  • GPs disputados 208 (204 largadas)
  • Campeonatos 3 (1981, 1983 e 1987)
  • Vitórias 23
  • Pódios 60
  • Pontos 485.5 (481.5)
  • Pole positions 24
  • Voltas mais rápidas 23
  • Primeiro GP Grande Prêmio da Alemanha de 1978
  • Primeira vitória Grande Prêmio do Oeste dos Estados Unidos de 1980
  • Última vitória Grande Prêmio do Canadá de 1991
  • Último GP Grande Prêmio da Austrália de 1991

🔴 Bônus: Assista ao episódio sobre a história do capacete de Nelson Piquet!

Alan Mosca vai contar mais uma grande saga da história da Sid Special Paint, desta vez sobre um piloto super especial que é considerado uma lenda na história do automobilismo mundial: O Mestre Brasileiro Tricampeão de Fórmula 1: Nelson Piquet – o nosso grande Nelsão! 🏆